O Álcool como Refúgio: A Fuga pelas Sombras da Consciência

O consumo excessivo de álcool, para além de um hábito social, muitas vezes esconde uma função psíquica profunda: a fuga. Não se trata apenas do prazer imediato ou da desinibição, mas de uma tentativa desesperada de escapar de dores internas, conflitos não resolvidos e traumas que ecoam desde a infância. A bebida, nesse contexto, transforma-se em um anestésico emocional, capaz de silenciar vozes internas que gritam por reconhecimento e cuidado. Na perspectiva da psicologia profunda, especialmente em Jung, o álcool pode representar uma forma de contato com a sombra — aquela parte inconsciente de nós mesmos que contém tudo aquilo que reprimimos, negamos ou tememos. Quem se alcooliza frequentemente pode estar, sem saber, tentando abafar essa sombra ou, paradoxalmente, aproximar-se dela de maneira desordenada. O efeito desinibidor do álcool pode liberar impulsos reprimidos, revelando traços de raiva, tristeza ou fragilidade que foram sufocados ao longo da vida. Muitos...