Pacificando a ânsia de ter versus o tédio de possuir.




A frase "a vida é uma constante oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir" de Arthur Schopenhauer, captura uma profunda verdade sobre a natureza humana e a dinâmica da satisfação e do desejo. Primeiramente, a "ânsia de ter" representa a constante busca e o desejo de alcançar algo novo, seja um objeto material, uma meta pessoal ou um estado emocional. Esse desejo é uma força motivadora poderosa que nos impulsiona a agir, a crescer e a procurar novos horizontes. Assim, nasce a vontade, o princípio fundamental da natureza, a força cega, incontrolável que move o mundo. 


Questiono: será toda vontade, algo proveniente do pensamento individual ou coletivo? Será que nossos desejos e vontades são guiados pelo inconsciente coletivo?  Será que durante toda a nossa vida estamos pensando por nós mesmos ou somos "pensados" repetindo pensamentos e comportamentos programados desde os primórdios da humanidade? Certamente este é um tema para discutirmos complementarmente em uma futura postagem.


Independentemente da resposta que tenhamos para as questões acima suscitadas e aventadas, podemos concordar que os desejos e vontades inferem em duas grandes bifurcações, como dois rios - a ansiedade e o tédio.


A ânsia de ter está ligada à esperança e à antecipação de que, ao conseguir aquilo que desejamos, encontraremos felicidade e realização. No entanto, uma vez que atingimos esses objetivos ou adquirimos aquilo que tanto ansiávamos, frequentemente nos deparamos com o "tédio de possuir". Esse tédio advém da familiaridade e da falta de novidade. O que antes era excitante e desejável torna-se parte do cotidiano, perdendo seu encanto inicial. 


Isso nos leva a perceber que a posse em si não traz a satisfação duradoura que imaginávamos. Essa oscilação entre desejo e tédio sugere que a felicidade pode ser mais encontrada no processo de busca e no crescimento contínuo do que na posse final de qualquer coisa. Mas como poderemos encontrar satisfação na jornada se estamos ansiosos nesse exato momento do caminho? E a pessoa literalmente empaca. Tal situação reflete também a ideia de que a natureza do desejo humano é insaciável; estamos sempre em busca de algo novo para preencher o vazio que a satisfação temporária de um desejo deixa para trás.


Assim, a frase nos convida a refletir sobre a importância de valorizar o presente e encontrar satisfação no caminho, não apenas no destino. Nos lembra que a busca por algo é uma parte intrínseca da condição humana, e que reconhecer essa oscilação pode nos ajudar a viver de maneira mais consciente e equilibrada.


Porém, existe uma solução para essa dinâmica: a prática da gratidão. A gratidão é a prática de reconhecer e apreciar as coisas boas que temos em nossas vidas, independentemente do que ainda desejamos. Incorporar a gratidão em nosso cotidiano pode mitigar tanto a ânsia de ter quanto o tédio de possuir. Ao focarmos no que já temos e nos momentos que estamos vivendo, aprendemos a valorizar e a encontrar alegria nas pequenas coisas.


Benefícios da Gratidão.

Aumenta a Felicidade: A prática regular de gratidão está associada a níveis mais altos de felicidade e satisfação com a vida.

Reduz a Ansiedade: A gratidão ajuda a redirecionar nosso foco para o presente, diminuindo a preocupação excessiva com o futuro.

Melhora os Relacionamentos: Pessoas gratas tendem a ser mais empáticas e a cultivar relações mais fortes e saudáveis.

Promove a Resiliência: A gratidão pode aumentar a nossa capacidade de lidar com situações difíceis, nos ajudando a ver o lado positivo das adversidades.


Ansiedade e Tédio.

A ânsia de ter muitas vezes se manifesta como ansiedade, que é uma preocupação constante com o futuro. A ansiedade nos coloca em um estado de agitação e antecipação, impedindo-nos de desfrutar o momento presente. Por outro lado, o tédio surge da apatia e da desocupação, muitas vezes associadas a um foco excessivo no passado. Quando estamos entediados, tendemos a nos sentir desconectados e sem propósito, presos em um ciclo de repetição e falta de novidade. Estado de Presença e Atenção Plena. 


Para combater esses estados, o estado de presença e a atenção plena (mindfulness) são ferramentas essenciais. A prática da atenção plena envolve focar completamente no momento presente, sem julgamento. Isso nos ajuda a nos conectar com nossas experiências atuais e a apreciar a vida como ela é agora. 


Benefícios da Atenção Plena

Redução do Estresse: A prática da atenção plena é conhecida por reduzir os níveis de estresse e promover um senso de calma. 

Melhora da Saúde Mental: A atenção plena pode ajudar a reduzir sintomas de depressão e ansiedade, promovendo um bem-estar emocional. 

Aumento da Concentração: Estar presente melhora nossa capacidade de concentração e produtividade. 

Melhoria da Qualidade de Vida: A atenção plena nos permite experimentar a vida de forma mais plena e satisfatória, valorizando cada momento. 


Combinar gratidão e atenção plena pode ser um poderoso antídoto contra a oscilação entre a ânsia de ter e o tédio de possuir. Ao cultivar a gratidão, aprendemos a valorizar o que já temos. Ao praticar a atenção plena, aprendemos a viver plenamente no presente, reduzindo a ansiedade e o tédio. Juntas, essas práticas nos ajudam a encontrar um estado de paz e bem-estar duradouro, apreciando a jornada da vida em vez de nos fixarmos apenas em seus destinos.

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