Postagens

Forma e conteúdo: as máscaras que usamos.

Imagem
     Sabe aquele “você” que aparece em diferentes situações? O que vai trabalhar com postura séria, o que vai pro bar com os amigos todo descolado, ou o que monta o perfil no app de namoro como se fosse um mix de poeta com modelo? Pois é, Jung chamava isso de persona — uma espécie de máscara psicológica que a gente usa pra se adaptar socialmente.      A persona não é, necessariamente, uma mentira. Ela é um filtro. Uma forma que a gente encontrou pra funcionar no mundo. No fundo, ninguém consegue mostrar 100% de quem é o tempo todo — e tudo bem! A persona ajuda a gente a circular nos diferentes ambientes da vida.      O problema começa quando a gente confunde a máscara com o rosto . Quando o papel que escolhemos representar vira uma prisão. Sabe aquela sensação de estar vivendo pra agradar os outros, ou de estar interpretando um personagem que já não tem nada a ver com você? Então. Isso é a persona dominando o conteúdo.     ...

O Espelho vivo: A Unidade entre a Consciência e Experiência

Imagem
     No princípio, havia apenas silêncio. Não o silêncio que se escuta com os ouvidos, mas aquele que antecede até mesmo o tempo. Era a presença sem nome, sem forma, sem desejo. Um ser que não era alguém, uma existência sem identidade — a centelha. Não uma centelha entre outras, mas a centelha: origem e essência de tudo que viria a existir. Ela não pensava, ela sabia. Não via, mas era todas as possibilidades de visão. E então, através da própria energia, essência, natureza e vibração natural do próprio ser, a centelha desejou experienciar a si mesma .      Esse desejo não foi um movimento de carência, mas de potência. Ao desejar ver-se, ela se fragmentou. O uno se tornou muitos. Surgiu a consciência, o primeiro véu — o espelho. A consciência é o reflexo da centelha. Ela percebe, compara, dá forma e nome. Com a consciência, nasce o sujeito e o objeto, o dentro e o fora. Começa o jogo da separação, da experiência. Mas a centelha permanece intacta, escondida...

A Sacralidade da Vida: O que Perdemos ao Esquecê-la

Imagem
Vestígios da Primordialidade ( Fernando Scheuermann) "Antes que o verbo enrijecesse em cifra, as coisas murmuravam em fulgor. A brisa declamava sortilégios, e a seiva — ó sangue vegetal — trazia consigo os ecos de um pacto inaugural. Havia uma liturgia nas pedras que não se pronunciava em voz, mas vibrava em marés ósseas, como cântico esquecido no âmago da medula. Sabíamos pouco, mas esse pouco era solene. Respirar era rito, e o gesto mais ínfimo — um sacramento. Hoje, padecemos da claridade profana. Portamos bússolas onde havia presságios, engenharias onde havia encantamento. Nossos olhos, embotados de ciência, desaprendem os espectros que ainda dançam nos umbrais da manhã. Mas às vezes, um aroma suspenso, um sussurro entre as heras, um silêncio que cintila — reavivam a cintilância de um Éden espectral, como a lembrança de um jardim anterior à linguagem. E então ficamos: emudecidos, inclinados diante do Invisível, como quem reencontra a partitura de um hino que já soube cantar e...

Você está vivendo a sua verdadeira história? Como se conectar a ela? (Questionário + Oráculo)

Imagem
  "Penso, logo deprimo". Há dias em que você acorda e tudo parece no lugar — o teto sobre a cabeça, o café na xícara, o trabalho esperando, as pessoas ao redor. Mas por dentro, algo não encaixa. Como se houvesse uma dobra invisível entre você e o mundo. Um sutil desalinho. Um cansaço que não é do corpo, mas da alma. Você olha para sua vida como quem assiste a um filme que já viu demais, mas não sabe como mudar de canal. E aí se pergunta, baixinho, quase com culpa: "Era pra ser assim?" Talvez a resposta não esteja no que você fez ou deixou de fazer. Talvez a questão mais profunda — e mais honesta — seja: "Será que essa vida é mesmo minha?" O Mito Errado Pouca gente fala disso, mas é possível viver uma vida inteira dentro de uma história que não te pertence. Como um personagem mal escalado, você segue o roteiro, diz suas falas, cumpre as cenas… mas sente que está fora do lugar. Desde cedo, aprendemos que felicidade é sinônimo de obediência: siga o plano, faç...

Têmis e Ananque: uma Dança entre o Inevitável e o possível.

Imagem
  "Construiu-se um dia, em pedra dourada, uma torre tão alta, tão bem desenhada, que o próprio céu, em sombra e fulgor, curvou-se ao seu ápice, tomado de dor. O rei que a erguia dizia sorrindo: — Tocaremos os deuses, estamos subindo! Ninguém mais morrerá, ninguém mais cairá! Seremos eternos, além do que há. Mas quanto mais alto se erguiam os muros, mais fraco tornavam-se os elos futuros. A torre, tão firme, perdeu sua base, e o rei, cego em glória, ignorou a fase. Até que um dia, sem som ou aviso, uma pedra caiu do paraíso. Depois outra, e outra, e então o trovão desfez a torre com a mesma mão. O rei foi soterrado no brilho que quis, num império que nunca o fez feliz. E dizem que ainda, por entre os escombros, ecoam seus gritos: desejos sem donos. Pois a queda é o fim de quem se recusa a aceitar que a alma também tem sua lusa. A ruína não nasce da noite ou da sorte — ela é o preço de zombar da própria morte." "A Torre Que Tocava o Céu". Fernando Scheuermann.  ...

É Possível Reencarnar no Passado? Análise do Filme "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo"

Imagem
       A teoria de que é possível reencarnar no passado para resolver questões kármicas é uma ideia que circula em alguns círculos espirituais e holísticos. Essa concepção se baseia na noção de que o tempo não é linear e que todas as experiências temporais coexistem simultaneamente.        Assim, seria viável acessar diferentes momentos do tempo, incluindo o passado, para trabalhar e resolver pendências kármicas. Essa perspectiva encontra respaldo em interpretações específicas da física quântica, que sugerem a existência de múltiplas realidades ou universos paralelos. ​      Por exemplo, a teoria da "Consciência Quântica", proposta por estudiosos como o físico Amit Goswami, sugere que a consciência é uma entidade fundamental do universo, capaz de transcender as limitações do tempo e do espaço. De acordo com essa visão, a consciência poderia migrar entre diferentes realidades ou corpos, o que poderia incluir a possibilidade de reen...