O Retorno da Deusa: O Valor do Culto ao Feminino e a História de Sua Repressão
Durante milênios, o feminino foi reverenciado como fonte da vida, do mistério e do sagrado.
Antes mesmo de haver uma religião institucionalizada, havia o culto à Mãe Terra, à Grande Deusa, à Senhora dos Ciclos. O ventre feminino era visto como espelho do cosmos: um lugar de criação, de cura, de magia.
Cultuar o feminino não era uma ideologia: era uma forma de viver em sintonia com os ciclos da natureza, com a intuição, com o sentir.
Era reconhecer que a vida nasce do escuro do solo, assim como do escuro do útero. Que o tempo se move em espiral, não em linha reta. Que a água, o sangue e a lágrima são sagrados.
Mas com o passar dos séculos, essa reverência foi sendo apagada.
Sociedades patriarcais tomaram os altares, os livros e os mitos. O poder do feminino passou a ser temido. E o que era divino foi transformado em pecado.
Eva passou a ser culpada pela queda da humanidade.
Pandora, pela liberação dos males do mundo.
Lilith, por sua recusa em se submeter.
As deusas foram caladas.
As sacerdotisas, apagadas.
As curandeiras, queimadas.
A mulher foi confinada à obediência, à castidade, ao silêncio.
E o feminino, como força arquetípica e espiritual, foi sufocado — não só nas mulheres, mas também nos homens e na própria Terra.
Mas o que é verdadeiro nunca morre.
Hoje, vemos um renascimento. Mulheres (e homens) redescobrem o valor do feminino sagrado:
No respeito aos ciclos da lua e do corpo;
No resgate da intuição como forma de sabedoria;
Na reconexão com a natureza e com os saberes ancestrais;
Na cura de feridas históricas e emocionais que atravessam gerações.
Cultuar o feminino hoje não é apenas um retorno ao passado, mas um ato de resistência, reconexão e cura.
É lembrar que o sagrado não tem gênero fixo, mas que o rosto da Deusa, esquecido por séculos, ainda habita em nós e nos chama.
Que possamos, juntos, escutar esse chamado.
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