A Dualidade da Lealdade Sistêmica. Até onde somos livres?
Cães costumam ser muito muito leais, não importa como você o trate. Porém, até a natureza possui um limite de tolerância e, por mais extenso que ele seja, um dia acaba.
Até onde vai o nosso limite de tolerância, dentro de um sistema em que acreditávamos ser o melhor porque assim foi ensinado ou porque "a história da civilização chegou até aqui graças a esse sistema?"
O que levou a humanidade a chegar até aqui foi a capacidade de inovação e adaptação, resiliência, aprimoramento tecnológico diante de guerras, seja para o domínio ou defesa, seja a favor ou contra sistemas genocidas, escravocratas e autoritários, seja em defesa do controle ou da liberdade, sendo que ambos se confundem ora ou outra.
Dentro desse contexto, temos a lealdade sistêmica. Um conceito profundo que aborda a fidelidade e o comprometimento dentro de um sistema, seja ele familiar, organizacional, social, ambiental, entre outros. Ela vai além da simples obediência às regras estabelecidas, envolvendo um conjunto de valores, princípios e conexões que sustentam e fortalecem o funcionamento saudável do sistema como um todo.
Nos sistemas familiares, a lealdade sistêmica refere-se à ligação emocional e psicológica entre os membros, que se manifesta através do apoio mútuo, da cooperação e da preservação dos vínculos familiares, mesmo diante de desafios e conflitos. Essa lealdade reconhece a importância das relações e da história compartilhada, buscando o equilíbrio entre a individualidade e a pertença ao grupo.
Já nas organizações, a lealdade sistêmica vai além do cumprimento das tarefas atribuídas, envolvendo um engajamento genuíno com a missão, visão e valores da empresa. Funcionários leais sistemicamente não apenas trabalham em prol dos objetivos organizacionais, mas também se identificam com sua cultura, contribuindo para um ambiente de trabalho saudável e produtivo.
No âmbito social, a lealdade sistêmica se traduz em um compromisso com o bem-estar coletivo, respeitando a diversidade de opiniões, culturas e experiências. Isso implica em agir com empatia, solidariedade e responsabilidade cívica, buscando o desenvolvimento e a justiça para toda a comunidade.
Além disso, a lealdade sistêmica também pode ser observada em relação à natureza e ao meio ambiente. Significa reconhecer nossa interdependência com o ecossistema global, adotando práticas sustentáveis, respeitando a biodiversidade e contribuindo para a preservação dos recursos naturais para as gerações futuras.
Quando cultivada de maneira consciente e genuína, ela fortalece os laços humanos e promove o equilíbrio e a harmonia em todas as esferas da nossa existência.
Agora, vamos ao outro lado da moeda...
Embora seja um valor importante em muitos contextos, ela também pode se tornar prejudicial quando nos leva a fazer coisas que não desejamos apenas para agradar um sistema, seja ele familiar, organizacional ou social. Essa pressão para se conformar às expectativas do sistema, muitas vezes em detrimento de nossos próprios desejos e necessidades, pode resultar em consequências negativas para nossa saúde mental, emocional e até mesmo física.
Um dos principais problemas surge quando nos sentimos obrigados a seguir padrões ou normas que não refletem quem realmente somos, nossos valores e aspirações pessoais.
Durante muitos anos a pessoa acreditava que estava pensando e agindo como se todo aquele sistema de crenças fosse único dela, fosse a verdade universal, mas ela já havia sido “pensada”, forjada a pensar daquela maneira e quando ocorre a queda do véu, seja por uma epifania, através do conhecimento ou um gatilho que eleve sua percepção ou consciência, Isso pode gerar um conflito interno significativo, causando estresse, ansiedade e até mesmo depressão ao longo do tempo.
A sensação de viver uma vida que não é autêntica pode minar nossa autoestima e senso de identidade.
Além disso, a busca excessiva pela aprovação do sistema pode nos afastar de nossas próprias metas e objetivos, levando-nos a sacrificar nossos sonhos e ambições em prol de uma suposta estabilidade ou aceitação. Isso pode resultar em arrependimentos futuros e sentimentos de frustração e insatisfação pessoal.
É importante reconhecer que nem sempre o sistema tem a capacidade ou as condições de entender plenamente o que é melhor para cada indivíduo. Os sistemas são compostos por pessoas com diferentes visões, expectativas e limitações, e nem sempre as decisões tomadas em nome do sistema refletem o melhor para todos os envolvidos.
Aprender a dizer não quando necessário é uma habilidade crucial para preservar nossa integridade pessoal e bem-estar. Isso não significa ser egoísta ou desrespeitoso com o sistema, mas sim estabelecer limites saudáveis e buscar um equilíbrio entre nossas próprias necessidades e as demandas do ambiente ao nosso redor.
Buscar apoio e orientação de pessoas que compreendem nossa situação e valorizam nossa autenticidade pode ser fundamental para lidar com os desafios de navegar em sistemas que nem sempre estão alinhados com nossos interesses individuais. Ao cultivar um maior autoconhecimento e assertividade, podemos tomar decisões mais conscientes e alinhadas com nossa verdadeira essência, encontrando um equilíbrio mais saudável entre a lealdade sistêmica e nossa própria realização pessoal.
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