Tragédia anunciada, previsível, provável e imperdoável.

 

Drone mostra o centro de Porto Alegre (RS) inundado neste domingo (5)

Imagem: Renan Mattos/Reuters



Nos últimos anos, o Sul do Brasil enfrentou uma série de tragédias provocadas pelas enchentes e inundações, deixando cidades como Porto Alegre, Canoas, Eldorado do Sul, e até mesmo a região da Serra Gaúcha, em uma verdadeira calamidade. Nestes momentos de crise, o verdadeiro espírito humano emerge das águas turbulentas, revelando a força, a solidariedade e a empatia do povo frente à adversidade. 


Em meio ao caos das enchentes, é notável a resiliência da comunidade, que se une em uma teia de apoio mútuo, estendendo a mão aos vizinhos, gente de todo lugar, outros Estados, compartilhando recursos escassos e oferecendo conforto e abrigo aos desabrigados. São gestos de compaixão e altruísmo que transcendem barreiras sociais e econômicas, mostrando que, diante da natureza implacável, todos somos igualmente vulneráveis.


Entretanto, faço os seguintes questionamentos, para:


  • Você, que cobrou 500 reais para resgatar uma vida nas inundações no Rio Grande do Sul;

  • Você, que assaltou voluntários, roubando seus barcos, roubou vítimas nos pontos de acolhimento, saqueou casas e levou bens que não lhe pertenciam, adquiridos com muito esforço por pessoas trabalhadoras;

  • Você, do poder público, que impediu civis de agilizar o resgate de vítimas por falta de habilitação em moto aquática e barcos;

  • Você, que, ao invés de facilitar a ajuda humanitária às pessoas, preferiu criar burocracias desnecessárias;

  • Você que foi eleito para administrar uma cidade, um Estado, um país e não deu atenção aos relatórios e especialistas sobre tal catástrofe;

Qual será a colheita por suas condutas, sejam elas comissivas ou omissivas?


Vergonha, lamento e repúdio.

 

Enquanto o povo se mobiliza para enfrentar a calamidade, a falência do poder público fica evidente. Ano após ano, as autoridades demonstram um despreparo alarmante para lidar com eventos climáticos extremos, falhando em implementar medidas preventivas eficazes e em garantir uma resposta rápida e coordenada durante as emergências. 


A falta de investimento em infraestrutura adequada, como sistemas de drenagem e contenção de cheias, agrava ainda mais a situação, expondo a fragilidade das políticas de gestão de riscos.


É inaceitável que em pleno século XXI, com todo o conhecimento científico e tecnológico à nossa disposição, as enchentes ainda sejam uma ameaça tão devastadora para tantas comunidades. É hora de cobrar uma ação enérgica por parte das autoridades, exigindo investimentos em prevenção e preparação, bem como um plano de contingência robusto para enfrentar as crises quando elas ocorrerem.


Entretanto, algumas pessoas não entendem a responsabilidade que cada um carrega, não apenas pelas consequências físicas e materiais de suas ações, mas também pelas suas implicações espirituais. 


Para aqueles poucos, e diga-se de passagem que ainda bem que são poucos, que prejudicaram os resgates, seja furtando, roubando barcos e vítimas próximas aos abrigos e casas de acolhimento, alerto que cada ação motivada pelo egoísmo e falta de humanidade tem seu preço. 


Enquanto isso, o povo do Sul do Brasil continua a mostrar ao mundo o verdadeiro significado da resiliência e da solidariedade. Em meio à dor e à perda, eles encontram forças para se levantar, reconstruir e se apoiar mutuamente, mostrando que, mesmo diante das piores adversidades, a humanidade sempre prevalecerá. 


Que as águas que hoje causam tristeza e destruição possam, um dia, serem lembradas como símbolo da nossa capacidade de superação e união.


O que devemos ressaltar, são os verdadeiros heróis, que arriscaram suas vidas nos resgates, que abriram suas casas e corações, doando alimentos, água, roupas, que atuaram no acolhimento e alimentação das vítimas, que não estavam preocupados alimentando o próprio ego, politizando a tragédia ou fazendo discursos demagógicos.


Ao fim de tudo, o povo mais uma vez, fez mais por si mesmo.




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