A Lâmpada que Iluminava o interior.
Era uma vez uma mulher que vivia procurando luz.
Buscava em todos os lugares:
Nos olhos dos outros.
Nos aplausos.
Nas redes.
Nos relacionamentos.
Nos diplomas.
Nos elogios.
Quanto mais procurava… mais escuro parecia por dentro.
Havia uma sombra que a acompanhava — uma sensação de que, por mais que fizesse, nunca era suficiente.
Ela tentava ser a filha ideal. A parceira perfeita. A profissional impecável.
Mas quando ficava sozinha, sentia um vazio silencioso que nem ela conseguia explicar.
Um dia, cansada de tentar agradar o mundo, trancou-se em casa.
Apagou as luzes.
Silenciou o celular.
Fechou as cortinas.
E sentou-se no escuro.
Não por depressão.
Mas por necessidade.
Queria saber o que havia ali.
Debaixo das máscaras.
Atrás das expectativas.
Sob os papéis que havia assumido para ser aceita.
Horas se passaram.
Nada aconteceu.
Apenas o silêncio.
Mas então… algo inesperado.
Um brilho.
Fraco, mas constante.
Dentro do peito.
Como uma pequena lâmpada acesa no fundo do ser.
A mulher colocou a mão sobre o coração.
Não entendia de onde vinha.
Mas sentia calor.
Presença.
Paz.
E pela primeira vez, escutou uma voz que não vinha de fora:
“Eu estive aqui o tempo todo.
Esperando você olhar pra dentro.”
A mulher chorou.
Como quem encontra uma amiga perdida.
Como quem se reconhece depois de anos se esquecendo.
Nos dias seguintes, não buscou mais fora.
Começou a acender a lâmpada por dentro, todos os dias.
Não era um botão.
Era um gesto.
Cuidava de si com mais doçura.
Falava consigo com mais respeito.
Parava de se sabotar com frases duras.
Permitia-se errar.
Permitia-se sentir.
Permitia-se existir.
Aos poucos, aquela luz cresceu.
Começou a refletir nos olhos.
Na pele.
Nas palavras.
As pessoas notavam.
Diziam que ela estava “brilhando”.
Mas ninguém sabia que o brilho vinha de dentro.
De um lugar onde só o amor-próprio pode alcançar.
E assim, entendeu:
“Ser luz não é ser perfeita.
É ser verdadeira.”
Texto Escrito por Lídia Dours.
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