A Parábola da Montanha
Conta-se que, em uma terra distante, havia uma montanha tão alta que suas nuvens tocavam o topo, e ele era envolto por um brilho misterioso. Diziam os antigos que quem alcançasse o topo encontraria a Verdade.
Dois homens ouviram essa história e decidiram escalar a montanha.
O primeiro era um homem simples, de passos lentos e olhos atentos. Ele partiu em silêncio, com uma mochila leve e o coração cheio de reverência. Antes de subir, se curvou diante da montanha e sussurrou:
"Não venho para conquistar-te, montanha, venho para aprender contigo."
O segundo homem usava roupas vistosas, falava alto e se gabava de suas conquistas. Disse para si mesmo ao olhar a montanha:
"Eu serei lembrado como o maior que já pisou nesse topo. Essa montanha será meu troféu."
Ambos começaram a subida no mesmo dia.
O homem humilde parava para ouvir os ventos, ajudava outros viajantes feridos, descansava quando o corpo pedia e agradecia a cada pôr do sol. Cada pedra que tropeçava, ele via como uma lição. Cada dificuldade, como um mestre disfarçado.
O homem orgulhoso zombava dos que paravam, apressava os passos e ignorava os alertas do próprio corpo. Quando alguém pedia ajuda, ele dizia:
"Eu vim aqui para vencer, não para carregar os fracos."
Quanto mais subia, mais sozinho ficava. Mas não notava — estava embriagado pelo próprio ego.
Depois de muitos dias, ambos chegaram ao topo.
O humilde, ao chegar, encontrou um espelho. E nele viu a si mesmo.
Mas não o homem comum — viu o reflexo de alguém que havia se transformado na própria jornada: um homem em paz, inteiro, desperto.
Então, a montanha sussurrou:
"O topo nunca foi um lugar. Sempre foi um estado de espírito. E apenas quem sobe com humildade descobre que o verdadeiro propósito não era vencer a montanha, mas tornar-se digno dela."
Ele sorriu, agradeceu e desceu, levando consigo a luz da sabedoria.
Já o outro homem chegou pouco depois. Viu o mesmo espelho, mas não enxergou nada além de seu próprio rosto vitorioso.
Gritou:
"Consegui! Venci! Sou o maior!"
Ergueu os braços ao céu, mas não ouviu resposta. Não sentiu paz. Apenas silêncio.
Olhou ao redor e se irritou:
"É só isso? Onde está a recompensa? Onde estão os aplausos? Por que continuo vazio?"
E desceu da montanha com o peito inflado, contando a todos que havia chegado ao topo. Mas por dentro, algo permanecia inquieto, como um buraco que nem as medalhas, nem o reconhecimento conseguiam preencher.
Continuou a vida buscando novas montanhas, novos pódios, novos espelhos… Mas todos refletiam o mesmo vazio.
Lição:
Chegar ao topo sem propósito é como encontrar um trono em ruínas. A montanha não entrega recompensas a quem sobe por ego — ela revela quem você realmente é.
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